sábado, 22 de setembro de 2012

Conto de João Anzanello Carrascoza, ilustrado por Biry


Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.

- Esta história já começou com um erro - disse a Vírgula.

- Ora, por quê? - perguntou o Ponto de Interrogação.

- Deveriam me colocar antes da palavra "quando" - respondeu a Vírgula.

- Concordo! - disse o Ponto de Exclamação. - O certo seria: "Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão".

- Viram como eu sou importante? - disse a Vírgula.

- E eu também - comentou o Travessão. - Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.

- E nós? - protestaram as Aspas. - Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.

- O mesmo digo eu - comentou o Dois Pontos. - Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.

- Estamos todos a serviço da boa escrita! - disse o Ponto de Exclamação. - Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão
como agora!

- Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase - disseram as Reticências. - Ou dar margem para outras interpretações...

- É verdade - disse o Ponto. - Uma pontuação errada muda tudo.

- Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" - disse o Ponto de Interrogação - é apenas uma pergunta, certo?

- Mas se eu aparecer no seu lugar - disse o Ponto de Exclamação - é uma certeza: "A guerra começou!"

- Olha nós aí de novo - disseram as Aspas.

- Pois eu estou presente desde o comecinho - disse o Travessão.

- Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois - disse o Ponto e Vírgula. - E aí entro eu.

- O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz - disse a Vírgula.

- Então, que nos usem direito! - disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão. 

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